"Paulo, com o rosto triste e cansado, encontrou-se com a sua amiga Carla num café, para tomar um café. Deprimido descarregou nela todas as suas preocupações: o trabalho, o dinheiro, a relação com a sua namorada e a sua vocação. Parecia que tudo corria mal na sua vida.
Carla meteu a mão na carteira e tirou uma nota de 20 euros e disse-lhe:
- Queres esta nota?
Paulo ao início um pouco atrapalhado, respondeu-lhe:
- Com certeza, Carla... São 20 euros. Quem não os quer?
Então Carla pegou na nota numa das mãos, amarrotou-a e fez dela uma pequena bolinha. Depois mostrando-a ao Paulo toda amachucada, perguntou-lhe de novo:
- E agora, ainda a queres?
Paulo perplexo responde:
- Carla, não percebo aonde queres chegar com esta brincadeira. Porém a nota continua a ser de 20 euros. Com certeza que não a vou deitar fora, se tu ma deres!
Carla alisou a nota, deitou-a ao chão, espezinhou-a e, por fim, pegou nela suja e amarrotada e perguntou:
- E agora continuas a querê-la?
Paulo cada vez mais confuso:
- Escuta Carla, ainda não consegui perceber onde queres chegar, mas, embora ela esteja assim reduzida, continua a ser de 20 euros e, até que não a rasgues, conserva o seu valor...
Carla sorri e comenta:
- Paulo, deves saber que, se por vezes, alguma coisa não sai como tu queres ou se a vida te prega uma partida, continuas a ser tão importante, como antes... O que deves perguntar-te é o que és e o quanto vales realmente, em vez de te focares no que tens!
Paulo ficou como que paralisado a olhar para a Carla, sem dizer uma palavra, enquanto a mensagem entrava profundamente na sua cabeça.
Carla pousou a nota engelhada sobre a mesa, perto dele e, com um sorriso cúmplice disse:
- Pega nela e guarda-a, para que te lembres sempre deste momento, quando te sentires mal... Porém deves dar-me uma nota nova de 20 euros para eu a poder usar com o próximo amigo que precisar.
Carla despediu-se e afastou-se em direcção à porta. Paulo voltou a olhar para a nota, sorriu, olhou-a e com uma energia nova, chamou o empregado para pagar a conta..."
É crucial descobrirmos quem somos e o que nos faz verdadeiramente feliz. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e tornar-se um autor da sua própria história. A felicidade exige esforço, exige a capacidade de nos focarmos no aqui e agora e aproveitar as coisas simples, exige que não desperdicemos uma boa oportunidade para sorrir e rir principalmente de nós mesmos. Exige que conheçamos as nossas características, os nossos valores e os nossos limites e que vivamos e trabalhemos sem os quebrar! Contrariamente ao que a "Sociedade de Consumo" em que vivemos nos faz crer, os homens podem ser felizes mas não apenas por meio das coisas que adquirem. Se a felicidade prometida pela sociedade de consumo fosse real, nós não estaríamos a viver numa sociedade em que, por exemplo, existe um número elevadíssimo de depressões - de pessoas que se sentem insatisfeitas, angustiadas e sozinhas... A felicidade encontra-se sobretudo nas relações interpessoais que estabelecemos, naquilo que pensamos e sentimos perante as situações e no valor que atribuímos ao que conquistamos.
Quantas vezes duvidamos do nosso valor, do que realmente merecemos e do que somos capazes de alcançar se nos empenharmos. Não devemos apenas lamentar os acontecimentos mas agir para alcançar os nossos objectivos, não desistindo se a vida nos prega uma partida pelo caminho.
Afinal já pensou sobre o que o(a) faz verdadeiramente feliz?
Helena Mendes
Psicóloga Clínica e Educacional